segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Aposta de saudade…

E quando tu me provocas
Com esse teu jeito peculiar
Em minha alma se lhe tocas
Logo noto que te quer amar
Amar, palavra tão doce
Numa boca tão saborosa
Só de te olhar fico com tosse
E tu me olhas toda vaidosa
Mas eu quero que sejas assim
Que tenhas toda essa vaidade
Teu aroma é de jasmim
No jardim da minha saudade
Ai a saudade que eu vivo
Por não te ter a meu lado
Um dia vou ser atrevido
E tudo dizer meu bem-amado
Dir-te-ei o quanto te gosto
E o porquê disso acontecer
Por ti eu tudo aposto
És a única pró meu ser
Minha alma na tua ecoa
Num eco de Glória
Tu que és assim tão boa
Deixa lá contar-te a história
Quero vir a provocar-te
Despertar os teus sentidos
Só assim posso amar-te
Em momentos bem vividos
Bem viver ternamente
Junto de quem de ti mais gosta
Jamais te tirarei da mente
Tu és a minha maior aposta.

Armindo Loureiro 
 
Correnteza do destino
.
Vem de longe,
De muito longe
Uma música que inebria
Meus sentidos...
Vem um brilho, um ruído
De um grito perdido
Na noite muda...
Rodopia ao meu redor
Uma dança triste
Que me faz chorar...
Vem por certo,
De alguma correnteza
Do destino que perdeu-se
na fúria do mar!
.
Sulamita Ferreira Teixeira
 
SETEMBRO

Setembro foi partindo na saudade
Das tórridas manhãs das praias cheias;
Do mar trazendo os cantos das sereias,
Dum pôr-de-sol intenso e sem idade

Das fragas reluzindo à claridade
Da prata dum luar paredes meias;
Dos sonhos desfilando nas ideias
Dum tempo de balanço da vontade

Setembro desfolhou-se num outono...
As folhas vão ficar ao abandono
Tal como alguns dos sonhos que desfolho

Virá a folha nova pró seu trono;
Assim viesse a paz que ambiciono
Na calma doutro outono em que te olho...

Joaquim Sustelo
 
desejo

quem é
você
que me vem
com esse
desejo
mesclado
com medo
riso solto
e nervoso
antevendo
o gozo
segredos
de alcova
na tarde
roubada
esperada
apaixonada
e muito desejada
quem é você?

Mô Schnepfleitner.
 
BEM ME QUER...

O vento sopra ao meu ouvido
Me falando da sapiência do tempo...
Me fala de paz, de amor
Revelando seu conhecimento!
Faz um alerta, um alarido
De tudo na vida que sempre se quis
Viver feliz e negar-se ao mal...
Em nossas vidas é primordial!
Nesse aspecto, enfatizando me diz:
Doe-se, não seja egocêntrico
Não tenha o coração ferido
Semeie o amor, viva bem!
Fale de flores, de amores
E não tenha tempo sequer...
De pensar em não ser feliz!
Porque? Porque há algo que diz:
Pra se bem viver é preciso saber...
E acima de tudo ter na mente
O amor, o respeito, a felicidade
Daí, não haverá tempo sequer...
Para a maldade e a falsidade!
Seja feliz se lhe convier...
A escolha é sua de mais ninguém
Deseje um querer, um bem...
Viva o amor, a amizade
É a lei da reciprocidade:
Porque tudo de bom que quiser...
Bem se quer, bem me quer!

Genésio Cavalcanti
 
Matizes de Outono

O Outono chega repentinamente molhado,
Espalhando folhas matizadas por todo lado,
O céu acinzenta-se, perde o seu azul belo,
A melancolia ocupa-nos a alma sem apelo.

Mas o Outono é também encanto
Nas folhas secas que esvoaçam
E formam atapetadas ruas coloridas,
Imagens ornamentadas bucolicamente
Em paisagens de deslumbrante visão,
No adeus ao calor que o verão ofereceu
E nas boas vindas ao frio do Inverno que virá!

A Natureza na sua plenitude,
Com o equinócio que se faz presente,
Solidário com as caducifólias
Que nos oferecem a beleza das folhas secas
Na escusa da sua perenidade,
Voam leves como penas nas asas do tempo,
Volateiam na sua curta viagem até ao solo,
Onde se aconchegam delicadamente,
Tecendo belos e efémeros tapetes!

Outono dos nossos dias
Amigo de vários anos,
Que nos presenteia com o matizado da vida
Com o fresco suave da atmosfera,
Em terno preparativo para o frio intenso
Que nos chegará brevemente com o Inverno

E quando partires, Outono
Sentiremos saudades de ti
Pela vinda ansiosa da bela Primavera.

José Carlos Moutinho
 
A Rosa...

Tu és a rosa que devia passar por aqui
colorir...rir...perfumar a mim...
este jardim não tem rosa ,nenhuma,
que assuma..esse coração...pobre assim,
nenhum jasmim para uma prosa
só tu ,ó Rosa, cheirosa,pode salvar este jardim,
salva a mim...de mim...

este jardim espera por ti,não cabe flores
somente a ti,flor, minha amada
venha,venha ser cultivada!!!
aqui neste coração de dores
sua presença será minha paz,
o teu amor me satisfaz
vem,meu carinho será em ti
o orvalho cantando na madrugada...

Te farei viçosa ,Rosa,querida
do seu néctar terei a vida
recuperarei o riso
estarei num paraíso,
não serei essa alma perdida
neste jardim pálido que se formou em mim...

M. corredor
 
 
O silêncio que em mim se abateu
permite-me respirar a fundo.
Não olhes para mim,
deixa-me estar
assim vulcanizado.
A vida foi gasta em sofrimento,
como um profeta da desgraça
sacudindo as làgrimas do seu lamento.
Mas vai passando,
a calma voltou ao seu contendo.
Agora deixa-me respirar o silêncio
que o vulcão guardou para o seu rebento.

José Luís Ferreira
 

domingo, 29 de setembro de 2013

OUTONO

Sou o linho do lençol onde te deitas,
sou a água fresca que mata a tua sede.
O vinho que te prende nessa rede,
sou a vida a despontar que tu enjeitas.

Não peço o teu amor, não me seduz
a esmola dum afeto que de frio
não tem o gosto, o brilho, a luz...
perde força e morre como o estio.

Não renasce, antes morre lentamente
E não há mais Primavera nos meus dias.
Da alma apaixonada eternamente,

São agora pontos negros, e alegrias
passeando-se infelizes, devagar
e as noites tristemente iguais aos dias.

Paula Amaro
 
DIAS CHUVOSOS

Dias negros, chuvosos… e nublados,
que se avizinham, por ínvios caminhos,
furtam os halos aos dias dourados,
de sol radioso, e cravam seus espinhos.

Dias… meus círios vivos, amargados,
tumulares angústias, torvelinhos.
Iluminam os ícones sagrados.
E envolvem divindades em arminhos.

E são meus dias tristes e sombrios,
que vivo sem luz, entre espaços frios,
frios c’mas noites frias e sem luz.

Por vezes, vejo alguém numa janela…,
é a tua efígie, cinzelada e bela…,
extingue-se o meu frio e acaba a cruz.

Manuel Manços
 
EU ABRO O MEU CORAÇÃO
Para guardar um amor que deixe
O seu sorriso, em meus olhos.

Eu abro o meu coração para mãos que
Me afaguem, sempre que eu precisar de carinho.

Eu abro o meu coração para que nele, desague
Um rio de esperanças para o meu viver.

Eu abro o meu coração para os meus sentimentos
De pureza, como são os beijos dos ventos, nas flores.

Eu abro o meu coração para a minha poesia de amor,
Enquanto eu sentir que vale à pena sonhar.

Vanuza Couto Alves
 
NOSTALGIA…

Sei que estais aqui comigo, que não estou só,
mas sem uma presença palpável e visível…
hoje sinto-me vazia de esperança
e cheia de tédio e angústia.
Sofro a solidão do desespero no desprezo,
a amargura de lutar por uma batalha perdida…
Perdoai meus amigos não palpáveis e invisíveis,
vós que muito me tendes ajudado a superar.
perdoai…
…porque hoje a nostalgia é mais forte do que eu.

De qualquer modo, perdida como estou de mim,
aguardo as vossas vozes, anseio a vossa presença.
Espero por ti, “Brend” para que me fales,
para que me ajudes e não me abandones
neste caos que se chama…
… vida terrena.

De Maria La-Salete Sá 
 
COMO

É bom sentir
O prazer de viver
A vida que tenho
Gosto de vive-la assim
É bom acordar
De manhã
E ver quem amo a meu lado
É bom ver o nascer do sol
E o pôr-do-sol
É bom ver a noite a começar
Com a lua
E as estrelas a brilhar
É bom estar em silêncio
E com Jesus conversar
É bom sentir
Que me amo como sou
E viver a vida
Com amor no coração
É bom amar e ser amada
É bom estar em paz
E sentir que o amor
Está dentro de mim
Bem lá no fundo
Da minha alma.

Mila Lopes
 
Volte!

Você me repreende tanto sobre este assunto...
Você não entende que não vou porque não posso...
Quero ir, sim, mas não posso...
Se eu pudesse atenderia com grande devoção
Tudo o que o meu coração pede... Mas, nem tudo
São flores, nem tudo é como a gente quer...
Quão bom seria se eu dissesse em vez de mísseis,
Pães e todos os irmãos do planeta Terra fossem saciados...
Em vez de dissenções, promoções de ações comunitárias...
Em vez briga, paz...
Como não pode ser assim, vamos lutando e até nos
Ausentando, embora nosso coração brade: Volte!
(Paulo Paixão)
 
SAPIÊNCIA DO AMOR

Como a delícia do vinho,
o amor pode remoçar!
Fazendo em sabor apurado,
o tempo recompensar.
O vinho e o amor,
muito à partilhar.
Do vinho pouco,
bem pouco sei.
Do que ouço falar,
com certeza o teor acoólico,
não me faria delirar!
Mas,
a volatilidade do amor maduro,
esse sim
novos horizontes,
com propriedade,
me faz tocar.
No coração faz anseios,
delírios no pensar,
doçura no cortejo e,
calmaria no olhar.
Com essa diversidade ofuscante quero,
nas teorias do vinho me postar,
para perder-me de qualquer noção,
na ciência de amar.

Vera Aguiar
 
Chovendo
Amanheceu cinzento,
Lá fora a chuva caía,
Trovoadas e mais vento,
À muito que não ouvia!
A água batia nos vidros,
O vento abanava a ramagem,
Na rua ramos partidos,
Mas que triste imagem,
Havia estradas alagadas,
Caía água dos beirais,
As pessoas ficavam molhadas,
A chuva era demais.
Ainda continua chovendo,
Uma oferta do Outono,
O vento está horrendo,
Parece animal sem dono.
Arrisquei-me a sair,
Ia a algum lado,
Mas a chuva continuava a cair,
Claro que fiquei molhado.
A chuva nunca se atrasa,
Cai mesmo sem avisar,
Porque é que sai de casa,
Devia de estar a sonhar.

Paulo Soares
 

sábado, 28 de setembro de 2013

Gostava de ser poeta!
Para tecer meus poemas
Arrancar-lhe as algemas
E dar-lhe uma chama viva
Que está adormecida
Naquilo a que chamam vida.
Gostava de ser poeta!
Ser louca na minha escrita
Que está fria e amordaçada
Por cláusulas impostas
Nesta angústia decepada.
Gostava de ser poeta!
Deixar meus sonhos correr
Para não ter que calar
O que tenho pra escrever.

"GOSTAVA DE SER POETA"
(Margarida Fidalgo)
 
 
FOLHAS SECAS

Folhas secas...
Amarelecidas pelo tempo,
Pelo transtorno do vento,
Caiem perdidas...
Num chão sombrio,
Num baile tranquilo,
Num sopro varridas.
Ruídos de secos a estalar,
Num brincar sem olhar,
Agarra-me para não voar.
Encostada sem ferir,
Quero por aqui ficar,
Num aconchego sentir,
O bater do frágil coração.
A alma em gemidos...
Em abstratos desenhos,
Seu velho passado,
Em histórias recordar.
O vento sopra mais forte...
Leva em braços seu porte.
Momentos felizes...
Vividos em tempos tenros,
Na natureza verdejante...
Levados por momentos de paixão,
Em corpos floridos,
Em doces delírios,
Que o tempo leva,
Leva em saudade,
Os mistérios coloridos,
Escondidos em desejos,
Sentidos...
Nos anos tidos.

Elisabete Bernardo 
 
Tempo que passa

Sei que o tempo está-se apagar
sei que o vento está chegando.
É para ficar
é para durar.
Vamos deixar de pensar
Amando.
Vamos viver é sorrindo
que a vida tem perna estreita
com sonhos que vão morrendo.
Que o viver é uma treta
De gosto e desgosto
sofrendo.
Sei de guerras e confrontos
e de amores que vão nascendo.
De homens feitos zonzos
que sobrevivem gemendo
sempre a sofrer
caindo
e calando.

in"memórias dia a dia"
josé rodrigues (zeal)
 
Este rio de harmonia

Foge o calor por entre espessas nuvens
Fugidia voa,alma,para esta imensidão
Repetimos a frase das estações
Do ano e buscamos nova sedução.

Do Outono da vida não esmorecemos
E cada manhã trazemos harmonia
Somos parte de Beleza Universal
Alegria e paz cantamos à porfia

Neste caudal de luz branca
Passámos o túnel da escuridão
Vou roubar aos deuses enraivecidos
Numa intrépida luta,o fogo da paixão.

Somos criadores do poema
Que guardamos como diadema

Somos ave de harmonia
Entoando ,da natureza ,a doce sinfonia.

Agostinho Borges de Carvalho
 
Reflexo

Se for capaz atire a primeira pedra
Os espaços estão vazios
Seu cristal está a sua espera
Nunca é tarde para trazer
A Rosa do seu tempo...

Abrace seu mundo
Ele pode estar ao seu lado
Perceba seu olhar!

Se for capaz atire a primeira semente
Os pássaros vão fazer sua parte
O cristal é apenas uma pedra
A fé esta em seu coração

Compreenda a questão
A resposta esta no espelho
Seu reflexo é a uva do dia seguinte!
Auber Fioravante Júnior


 
ALMA VIAGEIRA

Corpo ungido pelo sagrado,
em transe imaculado
redefine-se borboleta.
Entre flores (primavera).
descarte de pecados
(tentações corriqueiras).
Farta-se liberdade,
em busca de oportunidades
esta alma viageira.
Inédito desfecho:
ao despertar com um beijo
revelou-se feiticeira.

©rosangelaSgoldoni
 
OUTONO

Amanheceu
De cara feia
Veio a chuva
Tudo refrescar
A terra seca
Veio molhar
Gosto do cheiro
Da terra quente
Quando a chuva
A vem beijar
Cheiro de fenos
Seco do verão
A chuva cai
Como uma bênção
Terra bendita
Vais florescer
Tua verdura
Começa a nascer
Oiço a chuva
Bater na janela
Tinha saudades
De a escutar
Outro ciclo, vai começar

Amélia Amado
 
ENTRELAÇA AS NOSSAS ALMAS!

Em carícias desvairadas...
Minhas mãos buscam,
Os caminhos carentes do teu corpo,
E, eu... te dou todos os meus sonhos!
Te amando por toda a minha vida,
Te amo na chuva que cai,
E no sol que amanhece!
Invoca o amor da minha boca?!
Entregando-te aos beijos que te delicia...
Ter-te completamente meu!
Amar-te como se fostes,
Uma parte única de mim!
Quantas vezes imaginei teu gosto,
Desejando... almejando!
Sentir, teu suspiro ao meu toque!
Na imensidão resumida de nós...
Não hesitaria em dizer que te amo!
Parte da minha vida, sopro do meu dia!
Pede-me o que desejares,
Metade de mim, meu amado...
Entrelaça as nossas almas!
E completa a minha vida!
Na falta que me fazes,
No uivar da saudade!
Resplandecê o amor!

Juliani Rosendo
 

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Intimidade de amor
.
Mudei meu modo de pensar
Quando a primavera fez
Eu de tudo recordar...
Me equilibrei novamente
E pude sentir o anoitecer
Me abraçando...
De repente senti-me forte
E perigosamente ousada.
Corri impulsivamente para um lugar
Desconhecido e desatei o nó da minha
Tão sofrida intimidade de amor!
.
Sulamita Ferreira Teixeira
 
Paraíso

0nde se encontra o paraíso?
Nas asas de um anjo ferido
No cheiro a maresia,
No corte da espada ferrugenta
No barco que navega em teu corpo
Formando ondas e sulcos sobre tua pele suada!
Nos sonhos acordados,
Na sombra do teu sorriso
Na candura do teu olhar
Nos campos de milho banhados pelo sol…
Num verso em dia de chuva
Nas cortinas de nevoeiro bordadas pelo mar
Paraíso, tem sorriso, alma, tem silêncio por apagar
Tem ilusão, saudade, palavras em espirais de poesia
É o néctar das almas que enriquecem nossos dias!

Alda Melro.
 
VEM AMOR

Vamos voar juntos
No meu sonho
Imaginado
Vamos voar
Até às nuvens
E nelas nos amar
A lua
Nos banharia
Com a sua luz dourada
E as estelas
Seriam nossa companhia
Pediríamos a vénus
Seus anéis emprestados
Para nos enfeitarmos
Com eles
Seguíramos voando
No meio da chuva
Das estrelas cadentes
Que nos saudariam
Como se fosse
Fogo de artifício
Vem amor
Vamos ver juntos
O amanhecer
E o sol a despertar
Vamos voar
Juntos
Neste meu
Sonho encantado.

Mila Lopes
 
SEGREDO

Corre-me no sangue o gosto do nosso segredo,
Fervilham-me os sentidos ao recordar os momentos,
No crepitar brando de uma fogueira de sentimentos
Que me transporta, em ida e volta ao degredo.

Mergulho nas vagas apocalíticas da noite e do medo
E abraço-me em horas velhas, vadias, no meu leito,
Onde procuro em angústia incessante; teu jeito,
Tua quentura, teu sal, tempero do teu sorriso ledo.

Oiço no dintel dos beirais, fios de palavras angustiadas,
Silêncios que moldam e tecem uma tela de esperança
Pintada de sorrisos com todos os momentos da lembrança,

Das horas em que dizíamos as palavras segredadas
Com fios de orvalho, misturado em contra dança
Na noite nua, vibrante, vestida das púbis engalanadas.
José Maldonado
 
Chuva mansa

Hoje a terra rende-se
E vibra ao anoitecer
Com a chuva elegante que chega de mansinho.

Parece um sonho…
Este frio doce e leve que eu sinto
Estas ondas de desejo dentro de mim…

Tímida a brisa assobia-me
E faz rodopiar gotas limpas e mansas
Em perfeita intimidade e harmonia.

Em sussurros as águas avançam
E sacodem a poeira …

Os meus rios saciam a sede
E galgam em frenesim
Até ao mar.

Contemplo a alma das árvores
E o florir dos seus verdes ramos
Que exalam e exaltam odores doces e ousados.

Observo o abanar das folhas secas
Com tons de poente
E as suas danças de braços abertos.

Os insetos voam em espasmos
Fecundam e entrelaçam-se
Nas húmidas flores, sem ruído.

Os odores, as cores…
Tudo está em harmonia

Até os meus leves arrepios
Jubilam o meu dia… em trovas!

Hoje estou vestida de Verão
Com estremecimentos de Inverno
Mas com as cores da Primavera!

Descalça, caminho por cima
De um manto de ervas
Quentes e fresquinhas…
E todos os caminhos a ti me levam.

Telma Estêvão
 
ESTOU CANSADO DE AMAR

Cansei-me, foi tudo tão fugaz, tão irreal,
Que me cansei d'amar tanto,
Amar não é fácil, é uma ilusão
Que s'alimenta com alma e coração.

Enquanto amei, mil coisas imaginei,
Que fazia amor quando m'apetecia,
Tantas vezes me enganei,
Meu amor aparecia e desaparecia.

Eu obsecado por muito tempo andei,
Sem perceber q'era enganado,
Amor meu, de fel, atraiçoado,
Que d'amar tanto, fiquei cansado.

Já não sei, nem quero amar como d'antes,
Chegam as desilusões porque passei,
Quero viver das memórias que guardei,
Prefiro em vez d'amores, ter amantes.

Ruy Serrano,
 
“Só tenho olhos para a agulha da paixão”

Ai, rosas amarelas trago à lapela,
Vou bordar a ponto cruz o seu belo odor;
No fio fino de pétalas cor amarela
Vou gravar a inicial do nome do meu amor.

Em Linho vou bordar este brasão d’ amor,
O Lenço delicado guardará rente
Ao coração a paixão; e, seu raro olor de flor
Sempre que exalar tirei-o no meu presente.

Quando chegar saudade minhas lágrimas
Enxugará em suas pétalas de rosa
E seu macio toque sarará as mágoas.

Ai, divino tesouro, amado coração
Que beijo nos dedos de fada fermosa,
Só tenho olhos para a agulha da paixão.

RÓ MAR
 
Só tenho palavras:

só tenho palavras, nada mais tenho que palavras
palavras vagabundas sempre a rodopiando sem parar
palavras elegantes refinadas sempre dispostas a cativar
palavras viajantes,que viajam ao sabor do vento
sem se importarem com o momento
palavras ancoradas num porto qualquer à espera de embarcar
palavras que invento só para me alegrar
nos dias que não tenho com quem falar
palavras palavras sempre palavras!! umas vezes caladas
outras vezes gritadas para lá do tempo
outras vezes,ofuscadas por um simples gesto
acabando por morrer dentro do peito da gente
tantas tantas palavras!e hoje não tenho palavras para dizer o que sinto
estão todas quiétinhas aninhadas lá no firmamento

por ukymarques:
 

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

A REVOLTA DA ALMA

A subserviencia do inconformado.
Queria estar armado, um alfinete.
O mundo um balao, mal pintado
deformado por tao imperfeito.
A terra realmente nao tem culpa,
apenas os humanos estupidificados.
Um balao e um alfinete, o toque perfeito.
Ha dias em que apetece sair,
cair, levantar... fugir. Um ciclo.
Esperam-se respostas que nao surgem,
bom senso que resvala na incompetencia.
E respiro, respiro cansado. Isso mesmo...
Sinto-me cansado de resvalar, dos baloes
dos humanos e da falta de alfinetes.
Os toques sao sempre perfeitos,
na luxuria, no afecto e no empurrao
suave, onde comeca o abismo.
Um sopro e pouco, que mais nao seja
arrepia a vontade que nao chega, mas
incompleta a deformacao do mundo.
E os humanos, que pouca a diferenca.
Pes no chao como raiz de planta,
verticalidade como equilibrio forcado,
inteligencia por infelicidade criativa.
Voltemos ao feto... renascer de novo.
Com conhecimento de factos,
retoques aperfeicoados e convenientes,
que acabem com estes pensamentos.
Apetece-me misturar tintas e cores,
pintar com as maos, sujar os cliches
tornar abstrato o futuro, finalmente
entender o caos que me alimenta.
Perder a alma por segundos,
hipnose perfeita dos sentidos,
perdidos num fino feixe de luz.
Assim sera a revolta da alma!


Publicada por Carlos Lobato
 
Silêncio Por Companhia

Silêncio por companhia,
Tenho eu neste recanto.
Ouço-o no embalo da noite,
E na cascata do monte,
Nascida do riacho que corre,
Como a verter seu pranto.

No cantar da cigarra,
No chilrear do passarinho,
No abanar das folhas
No sussurro da floresta,
Nos dourados da praia,
Na brisa que passa, de mansinho.

No brilho que atrai,
No dia a renascer...
No assobio do vento,
Que transporta alento.
No entardecer...

No mar ondulante,
Que nas rochas quebra.
Na neve distante
A brilhar na pedra.

Neste silêncio entendi
O que não perdi.

Lágrimas que rolam
e que me incomodam.
Sem te ter aqui

Silêncio que fere,
Desespera a alma!
Parei... para o ouvir
Sentir seu enleio...
Ouço a memória
Das lágrimas que chorei,
Das palavras que gritei
E nada me acalma.

Este som do silêncio,
Entontece...
Porque acontece,
Ficar a ouvir
Como que um estalido
De algo partido,
Que ficou perdido...
Tudo a me fugir...

É assim que fico
À espera de nada.
De olhar triste e quedo
Como que em degredo
Contemplando a estrada.

Mas que o tempo vença
Com a doce presença
Do aroma da flor!
Não mais me pertença
Tão terrível dor!
E que me sorria
Na plena magia
De trazer amor!

DE: - Elisabete Bernardo
 
Sinta meu toque...

Eu não vou dizer quem sou
apenas sinta meu toque
amando seu corpo
não pergunte onde vou,apenas sinta
meu caminhar em ti

não pergunte as horas
nem quem lá fora,chora
deixe o riso tomar conta de você
e a hora,lá fora,se perder
e eu me achando em seu caminho
de secretos desejos
repleto de beijos

lá fora tem lampejos
cá dentro você e eu,sozinhos
acorde o silêncio do seu corpo
solte estas canções de amor
deixe lá fora baterem os sininhos
deixe lá cantar os passarinhos

vibre este corpo e alma sobre mim
vamos nos amar com zelo
deixe arder esta chama
me ama,vamos derreter o gelo
que congela os sentimentos lá fora...

M. corredor
 
 
Quero ser noite!
para com ela ir vaguear
pelas ruas sombrias e sem luar
afagar o rosto dos sem abrigo
que se aninham num cantinho a chorar.

Quero ser noite!
relâmpago para iluminar
o chão que tateia o velhinho ao regressar
para o seu casebre que fica junto ao mar.

Quero ser noite!
para limpar a lágrima amargurada
que corre no rosto de uma mulher maltratada
sem comida pró jantar nem amor para amar.

Quero ser noite!
Levar comigos uns alforges
cheios de abraços e beijos
chocolates e pão quente
para aconhegar o ventre
dos que sofrem sem desejos.

"QUERO SER NOITE"
(Margarida Fidalgo)
 
 
OUTONO

Triste, fiz ao verão uma despedida…
Envolvi-me na angústia dum Outono!
De minha mãe, chorei sua partida…
Senti-me um estorninho, ao abandono.

Eu fui um dos teus oásis, sem guarida,
entre castelos, sonhos…, no teu sono.
O meu corpo foi o mel, que te deu vida,
o ceptro, uma coroa, no teu trono.

Eu que nasci num rubro, ameno, Outono,
ainda o guardo p’ra ti, porque sou dono,
do meu sorriso amigo, que é eterno.

Mas tu sabes, se as chuvas aí voltarem,
e os fortes ventos de mim te afastarem
serei folha caída num Inverno.

Manuel Manços
 
Névoa

O céu descansou na terra.
Paisagem assombra o fundo do rio,
Nebulosas imagens.
Tarde de Outono,
Frágil névoa.
Feroz nebrina.
Orvalha lençol verde.
Frio confortável, acarinha poros,
No silêncio que nos aquece.
Sou véu no cinzento da alma.
Rua destorcida,
Chuva fina, magoa a noite.
Sombra, morre fria,
Entre mim e ela.
Somos parceiras.
Relógio, mascarra o tempo.
Nostalgia…
Gotículas resvalam,
Numa neblina.
Sem estrelas sem luar,
Onde te procuro,
Para te Amar.

  Céu Pina
 
HINO À AMIZADE

A amizade é pura e bela
Dá vida, calor, dá alegria
A amizade é tão singela
Que eu acho até poesia.

Regressei hoje ao cantinho,
Trouxe a amizade na mão
Venho para espalhar carinho,
Por todos os que aqui estão!

A amizade que vos dou
Juro que não tem rasura,
Trago-a comigo no peito!
E é linda enquanto dura.

Amizade não me deixes!
Vai por estradas e abrigos
Repousar, onde encontrares
Os verdadeiros amigos.

Joaquim Barbosa
 
Obrigada Amor!

Tu me perguntas sempre :
"Por que me olhas?"
Respondo-te:
Para gravar na minha retina,
os traços do teu rosto.
O brilho do teu sorriso.
Sorriso que tanto amo.
Olhar para as tuas mãos,
Lindas! Tão carinhosas!

Estão gravados na minha memória,
os momentos intensos de amor
que vivemos, e em que ao Céu
me levastes, com carícias, beijos,
palavras de amor sussurradas.
Inesquecíveis momentos partilhados,
em que, a alegria e a felicidade,
foram nossas companheiras constantes.

Dizes não gostares de despedidas.
Não te direi Adeus!
Apenas, um "Até breve amor"
Só não me peças , que estas palavras ,
sejam ditas, sem lágrimas nos olhos.
Impossível, amor!
É superior às minhas forças!
E ainda mais, tenho eu a dizer-te:

Obrigada, amor!

ME
(Maria Emília Nascimento)
 
 

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

(DES) FAZER ANOS
(meu aniversário: 25.09)

Hoje é o dia de menos um ano na minha vida,
Não faço anos como muita gente pensa fazer,
Perco anos que caminham por uma descida,
Em que vai deixando de tudo m’acontecer.

Os poucos cabelos que me restam são brancos,
Os outros me deixaram por se fartarem de mim,
Deixei de sonhar, passei a vegetar, nos bancos
Dos jardins com flores, deixei de ser benjamim.

Os anos estão prestes a se esgotar, cansados,
Já não me dão conselhos, nem são respeitados,
Vivo de surpresas, acusações e de promessas.

Consolo meu, ter-me apaixonado pela poesia,
Que acarinho com muita inspiração e teimosia,
Com que sobrevivo bastante longe das trevas
.
Imagem da minha cidade natal de Cabinda

Escrito sem rigor métrico.

Ruy Serrano
 
AS ÁRVORES

As árvores despidas
Pelos ventos do Norte
Acolhem as aves migratórias,
Que à Natureza oferecem
Os frutos de cada aurora,
Ou de cada pôr-do-sol,
Que brilha em cada rosto puro
Ou em cada corpo despido
Dos véus da hipocrisia,
Ou em cada alma acariciada
Pela ternura
De um olhar tão tonificante,
Quanto transparente.
Como o olhar de "Deus"

MARIA JOSÉ SARAIVA GASPAR GONÇALVES
 
Primavera.

Até que em fim
Entendeste meu amor
Que mesmo distante a
Primavera enfeita os olhos de quem
Ama.
Distribui carinhos a paixão Inflama,
mesmo quando só
num coração que ama.
não exijo cumplicidade
Basta deixar-me ao teu lado
Feliz já estarei
se longe estás
A primavera vira outono
caem folhas do meus sentimentos
secam raízes dos meus pensamentos,
e assim sendo sei que morrerei.

Teresinha Lydice Cardoso.Goiânia.
 
Confusão

Cálido é o odor que se evola da terra
e se espalha no ar, entontecendo-nos.
Marchetadas, as plantas que submergem
do abismo para onde caminhavam.
Voluptuosas, cheias de tédio,
são estas horas de chuva fina.
E eu penso…
O verme está pousado nas folhas
do meu coração. E rói-as.
Lanço a mão e quero.
Quero agarrar qualquer coisa… o infinito,
e a mão é uma ampulheta
por onde a vida se escapa e se perde.
Se falo, o mundo dilata-se
e eu fico suspensa, leve como uma nuvem,
mergulho cada vez mais profundamente no sono,
deslizando como um peixe dentro de água.
Um silêncio total, apagado, perigoso,
feito de milhares de gritos,
tão longínquos ou tão profundos
que mal os oiço.
Acordo. E o meu olhar perturbado,
aterrado e imbecil, mostra que eu ajo
como se devesse morrer nesse instante.
E eu faço o contrário,
e penso que o ser humano
precisa de poucas coisas.

Paula Amaro
 
A Dona do Jardim

Falta pouco tempo, eu sei
O mundo é do tamanho de um verso
Calado no peito, nas lagunas líricas
D’alma tu’amante!

Dentre as flores,
És a princesa colhendo
Por lendas e floresceres
Na magia de todo sentimento
Inspirado na fé, no Éden
Instigando o rubro gostar!

És a dona do sol, da lua,
Da suavidade da dor
Entontecendo a viagem,
Embriagando o cavalgar!

Pelo dançar das nuvens,
Divagas ascendo em cada lamparina,
Um brilhar insinuando o vagar
Em pétala flor inebriando
Suspiro a suspiro,
Jeitos e trejeitos
De uma noite pelo infinito!

És o gole roubado no lábio
Molhado em lágrimas de amor
Semeando pela seda
Mais um beijo, um gozo
Um lamento em louvação!
Auber Fioravante Júnior
 
Quero amar…

Não sei se já amei
Ou se ainda vou amar
Há uma coisa que eu sei
É que o amor é para dar
Isto de se dizer
Que não se sabe porque se ama
É como não ter prazer
Ao lado duma mulher na cama
No amor grande inocência
Quando é a primeira vez
Mas não deixa de haver apetência
Pela Eva que Deus nos fez
Ó Eva tu vem a mim
Que eu te quero demonstrar
Que o amor é sempre assim
Vale a pena o degustar
Deita-te aqui a meu lado
Torna-te uma mulher feliz
Em meus braços te cantarei o fado
Esse fado que sempre quis

Armindo Loureiro
 
EM BUSCA DO AMOR

Meu coração chegou cambaleante,
Da épica e longa caminhada,
Ao fim do mundo e à terra do nada…
Qual vagabundo, do amor, errante!

Buscava o elixir contagiante…
A sensação espontânea e deslumbrada…
Flecha por um cupido arremessada,
Causando um sentimento apaixonante!

Pelo caminho encontrou várias fontes:
Matou a sede em águas cristalinas!
Foi descobrindo novos horizontes…

Ao encontrar, por fim, a sua sina,
Calcorreando alguns vales e montes,
Ali estava o amor numa colina!...

José Manuel Cabrita Neves
 

terça-feira, 24 de setembro de 2013

HOJE

Amanheci
Com a alma molhada
Pelo orvalho da madrugada
Hoje
Quero ficar em silêncio
Quero a solidão
Como companhia
Hoje
Alimento-me
Das minhas lembranças
Das boas
Que me fazem rir
Das más
Que não querem
Desaparecer
Hoje
O ar que respiro
É feito das presenças
E das ausências
Hoje
Não sou dona de mim
Sou o reflexo
De ontem
Que deixou
A minha alma
Dorida assim.

Mila Lopes
 
SÃO TULIPAS MEU AMOR

Sinto o teu perfume a raiar o dia,
São tulipas meu amor
Que se crescem em flor
De pétalas vermelhas de poesia.

São tulipas meu amor
Espelhadas no eco suave d’um beijo
Ao coração, escritas no odor
Do mais raro desejo.

As janelas do meu dia
São tulipas meu amor;
Vitrines cintilantes de melodia
Que vibram pelo rosto d’uma flor.

São tulipas meu amor
E são a tua predilecta cor.

RÓ MAR