Chuva mansa
Hoje a terra rende-se
E vibra ao anoitecer
Com a chuva elegante que chega de mansinho.
Parece um sonho…
Este frio doce e leve que eu sinto
Estas ondas de desejo dentro de mim…
Tímida a brisa assobia-me
E faz rodopiar gotas limpas e mansas
Em perfeita intimidade e harmonia.
Em sussurros as águas avançam
E sacodem a poeira …
Os meus rios saciam a sede
E galgam em frenesim
Até ao mar.
Contemplo a alma das árvores
E o florir dos seus verdes ramos
Que exalam e exaltam odores doces e ousados.
Observo o abanar das folhas secas
Com tons de poente
E as suas danças de braços abertos.
Os insetos voam em espasmos
Fecundam e entrelaçam-se
Nas húmidas flores, sem ruído.
Os odores, as cores…
Tudo está em harmonia
Até os meus leves arrepios
Jubilam o meu dia… em trovas!
Hoje estou vestida de Verão
Com estremecimentos de Inverno
Mas com as cores da Primavera!
Descalça, caminho por cima
De um manto de ervas
Quentes e fresquinhas…
E todos os caminhos a ti me levam.
Telma Estêvão
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