A PALAVRA E O POEMA!
Cinzelo a palavra como se fosse pedreiro
e na arte da esculpir o poema,
deparo a mesma dificuldade do lavrador
que planta o vinho e semeia o pão,
mas não é do corpo a preocupação,
porque este tem os dias contados
e quando se finar, ficará a palavra
(a)colhida com amor
e guardada no coração.
De nada adiante carregar negreiro
com letras, rimas e versos,
se escravo navega igual dificuldade
e seu remo não lavra a palavra
como arado na roça. Então, apelo
a Sta Bárbara que me envie raio
que ilumine o poema que lavro na pedra.
Cantaremos oh sanas nas alturas
e beberemos vinho de palma,
eu e meu escravo, que tratou da vinha
e colheu ramo de oliveira
que imortaliza o poema.
Então, seremos livres: eu para enterrar
o meu corpo e deixar o poema respirar;
o escravo, para beber o poema
ébrio de alegria
e a palavra liberdade soltar!
Angelino Santos Silva
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