terça-feira, 7 de janeiro de 2014

ALDEIAS DA SAUDADE!

Envelheceu a casa e mais um Inverno se aproxima. 
Tudo fica nublado, fica apenas uma paisagem cinza.
E no cimo da íngreme ladeira, fica a minha velha casa,
Porta de madeira, de fecho negro em ferro forjada.
Trepadeiras em arcada, cansada do tempo e de sofrer.
A dada hora o doce lugar ficou esquecido, por preencher.
Viro-lhe as costas, tentando voar nesta vida,
Pobre terra esquecida, o nó que se me atravessa na garganta.
Mas o grito de um tronco, a lareira de novo em chama,
A casa implora a minha partida e a minha presença reclama.
Aquela vila, aquela pacata vida, mas tanto calor!
Não posso partir, na minha infância, eu fui aqui feliz!
Abro a janela, sinto de novo o cheiro a rosmaninho,
Coloco na mesa fruta, hortaliças, enchidos, pão e vinho.
Vejo de novo esta casa florida, iluminada.
Enche-se de amor este lindo espaço pela madrugada,
Fazer o meu ninho, nuns perfumados lençóis de linho,
Levar o milho em grão e trazer sacos de farinha do moinho.
Que perfume intenso do verde nas encostas e colinas.
A frescura das ribeiras a entrar pelas janelinhas.
Flores em botão a abrir, na lentidão da manhã a acordar.
Casa que surges ao sol de mim, no meu encontrar.

Celeste Leite 


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