terça-feira, 27 de agosto de 2013

Voar na poesia
Foi há tanto tempo

Mesmo com quedas
Mesmo com fracturas na cabeça
Quero voltar a ser criança
Minha vida era diferente
A voz da minha avó estou a ouvi-la
Dizia aos meus irmãos
Olhai a menina
Eu tinha-lhe muito amor
Ela amava-me muito
Era um vai e vem de preocupação
Pois era a mais pequenina
E a mãe dava-me bonecas
Pratos para lhe dar de comer
E adorava a brincadeira
Panelas para cozinhar para as bonecas
E o fogãozinho era tão riquinho
Hoje detesto tudinho
Cozinha não havia de existir
comer sim e coisas boas
quando estou no pc ligo o fogão
Quando estou em poesia
Deixo queimar a comida
E lá se vai a refeição
Mas a verdade é:
Quero voltar a ser menina
Isto de ser cinquentona dá muito que fazer
E quero ter bonecas
Panelas nem pensar
Levo as bonecas ao restaurante
Levo-as ao parque como dantes
O pai sorria e dizia:
Ela nem pode com elas
Tinha cara vidrada
Era de porcelana eu dava-lhe papa e dizia:
Tirei a avó
Elas sorriam
comentavam
que criança! ninguém a ouve!
Era um sossego
Agora sou um papagaio
E respindona é o mal de ser cinquentona
Gostava de regar a roupa que a minha avó tinha no coradouro
Deram um regador bem pequenino
Que consolo
A roupa nem corava já ficava lavada
E a mãe ralhava
Esta quieta Alicinha
E eu sorria, eu gosto
E a avó dizia:
Deixa a menina!!
Isto tudo eu era criancinha
Que saudades daquela vidinha
Quero voltar a ser menina Alicinha

MARIA FERNANDES
 

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